Entorse do Tornozelo
O entorse do tornozelo é um movimento violento da articulação do tornozelo, geralmente com estiramento ou ruptura de ligamentos de uma articulação. O entorse do tornozelo é uma das lesões mais frequentes na população, que geralmente envolve lesão dos ligamentos laterais do tornozelo. Ocorre com maior frequência nos atletas de futebol, basquete e vôlei, correspondendo a cerca de 10% a 15% de todas as lesões do esportivas.
No Reino Unido, ocorre em uma a cada 10.000 pessoas da população geral. A torção do tornozelo pode evoluir com diversas complicações, levando a vários graus de limitação funcional.
Como ocorrem as lesões ligamentares no tornozelo?
A estabilidade lateral do tornozelo é dada pelo mecanismo contensor dos ligamentos talo-fibular anterior, posterior e fibulo-calcâneo. O mecanismo de lesão habitual é a inversão do pé com flexão plantar do tornozelo, que ocorre geralmente ao pisar em terreno irregular ou em degraus. Este movimento anômalo proporciona uma lesão que se inicia no ligamento talo-fibular anterior e pode progredir para uma lesão do ligamento calcâneo-fibular, com o aumento da energia do trauma. A lesão do ligamento talofibular posterior é mais rara por ser este o ligamento lateral mais forte do tornozelo.
Como classificar os entorses do tornozelo?
A classificação do entorse de tornozelo é baseada no exame clínico e divide a lesão em três tipos:
– Grau 1- estiramento ligamentar
– Grau 2-lesão ligamentar parcial
– Grau 3-lesão ligamentar total
O quadro clínico encontrado é de dor, com edema localizado na face ântero-lateral do tornozelo, equimose e dificuldade para deambular. Quanto mais grave a lesão, mais evidentes ficam os sinais e sintomas. A associação destes sintomas com o teste da gaveta anterior positivo permite caracterizar uma lesão grau 3 em 96% dos casos.
Quais exames são necessários frente a uma torção de tornozelo?
A necessidade de exames complementares para os entorses de tornozelo baseia-se na suspeita de fraturas associadas. Das radiografias realizadas em doentes com lesão de tornozelo, 85% são normais. Com intuito de evitar radiografias desnecessárias, foram criadas critérios (critérios de Ottawa para tornozelo) que indicam a realização de radiografias apenas quando houver dor em pontos ósseos específicos ou na impossibilidade do apoio de marcha. Esta regra mostrou sensibilidade de 99,7%, porém com especificidade variável (10% a 70%).
A ressonância magnética pode ser indicada nos casos de persistência da dor após três meses da lesão inicial, com o objetivo de investigar lesões associadas, como lesões osteocondrais, de impacto ântero-lateral e identificar lesões ligamentares crônicas.
Qual o tratamento do entorse de tornozelo na fase aguda?
O objetivo do tratamento do tratamento dos entorses de tornozelo na fase aguda é controle da dor e o retorno às atividades diárias (esporte/trabalho).
O tratamento inicial para todas as lesões consiste em repouso por três dias, crioterapia (gelo local), elevação do membro afetado e proteção articular com imobilizador ou tala gessada. O uso de antiinflamatórios não-hormonais mostrou diminuição da dor e edema, com melhora precoce da função articular. Assim que os sintomas álgicos melhorarem, o paciente deve ser encorajados a realizar sessões de fisioterapia motora para fortalecimento da musculatura inversora e eversora, além de treino proprioceptivo.
Quais são as possíveis complicações das entorses do tornozelo?
Alguns pacientes permanecem com dor ou instabilidade após seis meses do tratamento da lesão ligamentar do tornozelo aguda. As possíveis lesões associadas geralmente são por ordem decrescente de frequência: instabilidade crônica, lesão osteocondral, impacto com processo inflamatório tíbio-fibular distal e impacto anterior com exostose. A investigação diagnóstica destes pacientes pode ser realizada pelo exame clínico associado a métodos diagnósticos, como as radiografias simples e com estresse, ressonância magnética e artroscopia, sendo este último o de maior sensibilidade e especificidade.
Qual é a conduta a ser adotada nas instabilidades crônicas?
Cerca de 20% das entorses de tornozelo podem evoluir com algum tipo de instabilidade após seis meses da lesão inicial. Os pacientes com boa contenção mecânica – chamada instabilidade funcional – têm como causa a falha na propriocepção, e são tratados com métodos fisioterápicos. Mesmo aqueles pacientes com frouxidão ligamentar possuem algum déficit de propriocepção, portanto também devem inicialmente ser submetidos à reabilitação. Os pacientes com instabilidade sintomática persistente podem ser submetidos à correção cirúrgica.
Existe prevenção eficaz para o entorse do tornozelo?
Os imobilizadores semi-rígidos podem reduzir em até 47% a incidência de entorse de tornozelo em atletas praticantes de modalidades esportivas de alto risco para entorses. Este valor é ainda maior naqueles que já tiveram uma lesão ligamentar prévia.
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