Muitas vezes percebemos que nossos calçados apresentam desgastes na porção mais interna ou mais externa do calcanhar, ou que após períodos mais longos de corrida surgem algumas dores nos tornozelos, joelhos ou coluna ou ainda que, para aqueles que correm de maneira mais regrada, há uma dificuldade em evoluir no treino. Se isso ocorrer com você, vale a pena ficar de olho nos tipos de pisada e em sua relação com os calçados.
Tipos de Pisada
Existem basicamente 3 tipos de pisada:
- Pisada neutra
- Pisada supinada
- Pisada pronada
O tipo de pisada é determinado por características anatômicas de cada pessoa (posição das articulações do quadril, joelhos e tornozelos / características de estruturas tendíneas / alongamento e flexibilidade / força e treinamento muscular) que fazem com que ao caminhar ou correr, realizemos o apoio inicial do pé de maneira mais uniforme (pisada neutra), mais lateralizada (pisada supinada) ou mais medializada (pisada pronada).
Desse modo temos:
- Pisada neutra: quando o pé apoia o solo e distribui a carga de maneira uniforme
- Pisada supinada: quando o o calcanhar apoia o solo mais na parte externa e mantém esse padrão de apoio até o antepé (frente do pé). Normalmente vemos sinais de sobrecarga mecânica na parte lateral (externa) do pé.
- Pisada pronada: quando o o calcanhar apoia o solo mais na parte interna e mantém esse padrão de apoio até o antepé (frente do pé). Normalmente vemos sinais de sobrecarga mecânica na parte medial (interna) do pé.
Impacto na Corrida
Uma vez entendido os tipos de pisada, vamos ao seu impacto nas corridas.
Pessoas que apresentam pisadas neutras, por apresentarem um bom alinhamento dos membros inferiores (exceto se apresentarem alguma patologia nos membros inferiores) não devem experimentar nenhum tipo de problema para caminhar, correr ou se adaptar com calçados. Este grupo de pessoas deve apenas de atentar a um calçado com um bom amortecimento, macio por dentro e que se adapte bem ao tamanho/largura do pé.
Pessoas que apresentam pisadas supinadas têm um desvio do eixo do pé e tornozelo para dentro, desse modo, estruturas ligamentares, tendinosas e ósseas da parte externa do pé e tornozelo tendem a serem sobrecarregadas e sofrerem maiores lesões. Do mesmo modo, pode haver sobrecarga mecânica dos joelhos quadris e coluna, levando a quadros de dor local. Para esses grupos de pessoas, calçados com bom amortecimento e maior suporte e estabilidade do retropé são indicados.
Calçados pré fabricados para pisada supinada podem melhorar o desconforto e performance dos pacientes, mas temos que lembrar que por serem calçados com correções padrão (estipuladas por cada marca) nem sempre se adaptam bem à situação individual de cada pessoa. Nestes casos uma boa avaliação por fisioterapeuta ou ortopedista e confecção de uma palmilha personalizada podem ajudar mais.
Pessoas que apresentam pisadas pronadas têm um desvio do eixo do pé e tornozelo para fora, desse modo, estruturas ligamentares, tendinosas e ósseas da parte interna do pé e tornozelo tendem a serem sobrecarregadas e sofrerem maiores lesões. Analogamente ao explicado acima, pode haver sobrecarga mecânica dos joelhos quadris e coluna, levando a quadros de dor local. Para esses grupos de pessoas, calçados com bom amortecimento e maior suporte e estabilidade do retropé são indicados.
Novamente, calçados pré fabricados para pisada pronada podem melhorar o desconforto e performance dos pacientes, entretanto, o ideal é uma avaliação por um fisioterapeuta ou ortopedista e confecção de uma palmilha personalizada.
É importante salientar que pequenas alterações de pisada normalmente não precisam ser corrigidas e tão pouco acarretam nenhum tipo de prejuízo tanto para a saúde do indivíduo quanto para a performance esportiva.
Como saber seu Tipo de Pisada?
Existem diversas maneiras de saber qual seu tipo de pisada, desde análises mais simples como a análise dos calçados e exame físico até testes em dinâmicos em plataformas de marcha / corrida.
Uma maneira bem simples de avaliar o tipo de marcha é com um bom exame físico durante a consulta ortopédica: ao realizar a inspeção estática do paciente podemos ver se o calcâneo está na posição neutra, supinada ou pronada, além disso podemos ir em busca de sinais de sobrecarga mecânica nos pés como calosidades plantares. Pacientes com calosidades na parte externa do pé, muito provavelmente apresentam pisada supinada, do mesmo modo que pacientes com calosidades na parte interna do pé, muito provavelmente apresentam pisada pronada.
Uma segunda maneira de avaliar o tipo de pisada é através de radiografias simples do pé e tornozelo, porém com carga. Nesse tipo de exame, podemos avaliar a relação entre os ossos do pé e tornozelo e determinar se há algum desvio de eixo.
Outra maneira de avaliar o tipo da pisada é a podobarometria (também conhecida como teste da pisada). Nela, o paciente fica em pé sobre uma plataforma que mede a pressão em diversos pontos do pé e essa análise é traduzida em um gráfico de gradiente de cores no qual a cor vermelha indica áreas de maior pressão e a cor verde indica áreas de menor pressão.
Um método mais rebuscado de análise da pisada, inclusive do ponto de vista dinâmico, é através das plataformas de marcha. Nesse método, o paciente caminha ou corre sobre uma plataforma ou esteira e é realizada uma filmagem do movimento das passadas. Essa filmagem é transportada a um software no qual se faz toda a avaliação da pisada em todas as fases da marcha.
Preciso procurar um especialista?
Não necessariamente! Não são todas as pessoas que se beneficiam de saber o tipo de pisada e adaptar calçados ou palmilhas para si.
Caso você tenha desconfortos ao caminhar ou correr, notar a presença de calosidades mais exuberantes nas plantas dos pés ou notar desgastes excessivos nos calçados, uma avaliação por um Ortopedista Especialista em Pé e Tornozelo ou um Fisioterapeuta pode ser extremamente útil para um melhor manejo da situação.