Introdução:
A osteomielite do pé e tornozelo corresponde a infecção, na maioria das vezes bacteriana, dos ossos do pé e tornozelo. Seu tratamento pode ser extremamente debilitante representa um desafio para o cirurgião ortopédico. A osteomielite pode decorrer de múltiplas etiologias, sendo a mais comum, decorrente de infecções em pés diabéticos. A incidência de infecções em pés diabéticos é de aproximadamente 36,5 casos a cada 1000 pessoas por ano, sendo que a chance de um paciente com diabetes desenvolver uma úlcera infectada ao longo da vida é de 25%.
Entretanto, observam-se casos de osteomielite após fraturas, após procedimentos cirúrgicos, entre outras causas.
Como ocorre a Osteomielite?
As infecções ósseas podem ocorrer de duas formas: via hematogênica ou via contato direito com o osso.
A via hematogênica ocorre quando o patógeno (bactéria ou fungo) chega e aloja-se no tecido ósseo através da corrente sanguínea. Essa situação é mais comum em crianças e em usuários de drogas injetáveis e normalmente há um quadro sistêmico com febre, mal estar, calafrios e alterações laboratoriais associados.
A infecção por contato direto ocorre quando o patógeno se aloja no tecido ósseo através de um contato íntimo e direto o agente infeccioso. Isso é comum nos casos de fraturas expostas, de feridas e em especial, das úlceras diabéticas (pé diabético).
Qual a Classificação da Osteomielite?
Existem diversas classificações para a osteomielite. Do ponto de vista prático e didático, costumamos classificar a osteomielite da seguinte forma:
– Osteomielite Aguda: quando há infecção em até 2 semanas.
Nestes casos, predominam os sintomas inflamatórios locais (dor, edema, eritema local), porém não há alterações osseas estruturais (necrose óssea).
– Osteomielite Subaguda: quando há infecção entre 2-6 semanas
– Osteomielite crônica: quando há infecção há mais de 6 semanas.
Nestes casos predominam os sintomas mais sistêmicos (febre, calafrios – além de dor, edema, eritema local) associados a alterações ósseas com necrose, cistos, abscessos, etc.
Quais as bactérias mais frequentes na Osteomielite?
As bactérias que mais acometem os ossos são o Staphilococcus aureus (até 50% dos casos), seguidos pelo Staphilococcus epidermidis, Streptococcus do grupo A e Pseudomonas aeruginosa.
Apesar disso, é muito frequente encontrarmos flora polimicrobiana.
Diagnóstico da Osteomielite:
Anamnese e Exame Físico:
Na anamnese o médico responsável deve colher informações sobre tempo da doença; sintomas como febre, mal estar, calafrios; antecedentes de doenças, principalmente diabetes e outras doenças que comprometam o sistema imunológico; uso de medicações – incluindo uso prévio de antibióticos.
Ao exame físico é importante atentar-se a sintomas sistêmicos como febre e calafrios bem como sintomas locais como vermelhidão, dor local, saída de secreção da ferida, entre outros.
Exames complementares:
Existem diversos exames complementares que podem auxiliar no diagnóstico de uma infecção óssea. Dentre os exames de sangue temos o hemograma que pode apresentar um aumento dos leucócitos (glóbulos brancos) e aumento dos neutrófilos, proteína C reativa e VHS (marcadores inflamatórios) que tendem a estar aumentados em casos de infecções além de exames para controle da glicemia (no caso de pacientes com diabetes) e da parte nutricional.
Dentre os exames de imagem que podem auxiliar no diagnóstico e tratamento da osteomielite temos as radiografias, tomografias computadorizadas, ressonância nuclear magnética e cintilografias.
Nos quadros iniciais, as radiografias tendem a estarem normais, apresentando alterações apenas em casos mais prolongados e/ou graves. Nas tomografias, podemos observar alterações como espessamento do periósteo, alterações ósseas precoces e mais tardias como sequestro ósseo além de bolhas gasosas. Entretanto, é no exames de ressonância magnética que podemos observar alterações mais precoces da osteomielite, podendo assim auxiliar no diagnóstico.
Como é o tratamento da Osteomielite?
O tratamento da osteomielite se baseia na introdução de medidas para combater o patógeno envolvido (ex: uso de antibióticos) e para melhorar a biologia local (ex: limpezas, curativos, coberturas cutâneas, etc).
Nos casos de osteomielite augda, muitas vezes o tratamento com antibioticoterapia é suficiente. Nos casos de osteomielite subaguda ou crônica, normalmente é necessário o tratamento cirúrgico.
O tratamento cirúrgico na osteomielite baseia-se em uma ampla e agressiva limpeza local, com coleta de material ósseo, de partes moles e de secreção para cultura e anatomo patológico. Com o resultado das culturas é possível prescrever o antibiótico mais adequado para a infecção vigente por um tempo normalmente prolongado (3-6 meses).
Além do exposto acima, muitas vezes é necessário estabilizar a parte óssea (ex: fraturas ou casos que necessitem de grandes ressecções ósseas), realizar procedimentos para cobertura cutânea com enxertos ou retalhos de pele e uso de terapias adjuvantes como a câmara hiperbárica.
Desse modo, conclui-se que a osteomielite é um quadro grave, que necessita de tratamento imediato e multidisciplinar para seu sucesso. Caso tenha algum sintoma de infecção óssea no pé e tornozelo, é importante procurar um Ortopedista Especialista em Pé e Tornozelo para melhor condução do caso.